Respostas?

Genilse Lucas Pimenta


Afinal, o que escorre entre os dedos? O tempo? A vida?  Os sonhos? As lembranças? O viço da pele? A cor dos cabelos? Talvez, os dentes que se amarelam, ou desgastam?
Somos sempre levados a pensar em multiplicidades... a mulher, a mãe, a trabalhadora, a amante, a filha, a frágil, a forte, a apaziguadora, a insana, a tia, a namoradinha, a outra, a profissional, a  incansável...nunca temos sinônimos ou adjetivos que pareçam bastar. Por quê?
Se usarmos uma metáfora esportiva, somos as atletas dos 400 metros com barreira, que no final das contas, tornam-se 80 ou 90 anos com barreiras. Temos que atravessá-las, todas. Por quê?
Corremos sem parar nem ao menos para olhar nossos rastros. Somos incansáveis!
Não! Definitivamente, não somos incansáveis! Não somos deusas da beleza, da fertilidade, da guerra, da paz, do amor, da luxúria, da colheita, dos destinos...
Perdoem-me Afrodite, Ártemis, Deméter, Perséfone, Íris...
Elas eram deusas, nós somos mulheres!
Mulheres que rasgam a carne num ferimento, que torcem o corpo diante da dor, que inundam os olhos com lágrimas quentes e salgadas na tristeza. Mulheres que têm pensamentos infames nos momentos de angústia, que retém na garganta palavras impronunciáveis, que usam artifícios para esconder as imperfeições da pele, dos cabelos, dos olhos, do corpo e... da alma.
Por tudo isso, somos mulheres: somos o quê não somos; somos o quê somos, e também, somos o quê querem que sejamos!
As filosóficas perguntas Quem sou eu? Por que estou aqui? Parecem que não preocupam em demasia a nós, mulheres, afinal são homens os filósofos famosos...
            A nós interessam outras respostas: o que fazemos como o tempo? a vida?  os sonhos? as lembranças? o viço da pele? a cor dos cabelos? os dentes que se amarelam, ou desgastam?
Para nós, mulheres, a experiência, o conhecimento, transcendem da filosofia para a aplicação prática, os pés no chão, o momento é agora e... outras frases feitas! Porque é isso, portanto, que parecemos ser: a execução!
Executamos a questão do “o que eu sou”: Pergunte a uma mulher e ela provavelmente dirá: sou mãe, sou advogada, sou vendedora, sou artista, sou faxineira, sou presidente, sou poetisa, sou do lar, sou professora, sou executiva, sou...
Pergunte a uma mulher por quê ela está aqui e, provavelmente, ela dirá: porque quero trabalhar, quero amar, quero fazer o que gosto, quero deixar minha marca, quero ajudar alguém, quero ser boa no que faço, quero ter meu dinheiro, quero ter minha carreira, quero...
Contudo, pergunte a uma mulher: e o seu tempo? e a sua vida? E, provavelmente, ouvirá alguns engasgos, titubeios e devaneios. Não serão respostas práticas, nem determinantes e, às vezes, nem lúcidas.
Muitas mulheres dirão: Ah!! Eu aceito bem a passagem do tempo!; Ah! Sou muito resolvida com relação a isso!; Ah! Faz parte da vida, não é?!; Ah! Não posso fazer nada, afinal o tempo não pára, né?; algumas até citarão: Ah! A gente mal nasce e já começa a morrer, dizia o poeta!
Talvez soe, até certo ponto, machista (na pior das concepções), mas mulheres não são deusas, não são seres programados para viver a vida em função do corpo ou do tempo!
Mulheres são poemas!
São obras únicas, em versos com rimas ou brancos; em extensões do Haikai ou das epopeias; em sonetos ou modernos; em tons reais ou puramente sinestésicos!
Mulheres são explosões de cores, de sons, de movimentos, de atitudes e de sentimentos! Não precisam de respostas para amar, chorar, sorrir, ninar, xingar, rezar, comer, beber, dormir, trabalhar, falar, torcer, sofrer, e todos os outros verbos...
Mulheres, inevitavelmente, vivem!
E, alguém, um dia, num momento de inspiração total, resumiu o que é o tempo, e a vida para uma mulher: “É ter saudades daquilo que ainda não viu!!”.






Comentários

  1. Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e viu que era bom. Criou, então, a mulher, a partir de uma costela do homem (primeira experiência de clonagem?!). Fala sério... ele melhorou, aperfeiçoou o protótipo. Ele próprio deve ter dito... " Ô trem bão sô!!"

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