O BAILE
Por: Genilse Lucas Pimenta.
17/Jan./2012.
João Nogueira cantou há algum tempo que haveria um baile lá no Maracanã. Pois é. Hoje haverá um baile. Mas não é domingo e nem será o Flamengo.
O salão tem nome de nobre: Barão de Serra Negra.
O anfitrião é nobre também: o XV de Novembro de Piracicaba.
Os convidados, mais nobres ainda: uma cidade inteira!
É um baile daqueles muito esperados: o de casamento, o de formatura, o de debutante; é rave da garotada, o pagode da moçada, o bailão da peãozada, o aniversário do melhor amiguinho, a quermesse da paróquia...
Os convites devidamente distribuídos, a melhor roupa retirada das gavetas: uma camisa zebrada oficial, outra não tão oficial, outra zebrada, mas dourada, outra com frases, outras com o símbolo em frente ao coração.
É importante chegar cedo para escolher o melhor lugar, afinal ninguém quer perder uma excelente apresentação e nem a oportunidade de adentrar a pista de dança com seus pares.
Ah....a orquestra! Esta, composta de onze integrantes, mais o regente – o tal dono da batuta – estão preparando o repertório com muita seriedade.
A plateia é exigente, afinal há quanto tempo o salão de bailes não abre as portas para uma estreia triunfante? Sim, os pés e os quadris já estavam enferrujando a espera deste momento.
De olhos e ouvidos atentos, os convidados irão observar a orquestra. Sabe-se que ainda não estará plenamente afinada, pois é a primeira apresentação! Mas aqueles, os donos de ouvidos absolutos, perceberão os elementos que afinam melhor o seu instrumento e aqueles que precisam de aprimoramento.
Porém, todos devem concordar que os componentes irão tentar manter bravamente o ritmo.
Caso ocorra perda do compasso, alguns convidados já trataram do problema. Ele será marcado por surdões e tambores que virão em seu auxílio. Haverá também a marcação com as vozes, com as mãos, com o giro das camisas suadas sobre as cabeças e olhos sempre voltados para o centro do salão de baile.
As melodias desfilarão em uníssono: “vamo vamo XV”, “guerreiro... time de guerreiro” e, mais especialmente, “o XVnzão voltou”. Um repertório muito, muito explorado, mas muito, muito emocionante e revelador!
A orquestra pode vacilar, os passos podem ser titubeantes; o regente pode ter que usar de toda a sua experiência para acalmar os músicos. Mas o baile não vai parar. Não pode mais parar.
Os convidados merecem estar ali, desfilando suas emoções, suas expectativas, suas esperanças.
Aquele sapato velho, guardado há dezesseis anos ainda cabe perfeitamente, e depois de abandonado, foi reformado, engraxado e agora brilha, levando a um encontro ansiosamente aguardado: a história de um time com sua cidade!
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